Disponibilidade: Imediata
Reivindicado por segmentos do Serviço Social como importante campo de estudos para aprimoramento e reconhecimento sobre os usuários dos serviços e, mesmo, sobre o perfil dos sujeitos assistentes sociais, o estudo sobre as “questões raciais” não ganha notoriedade como em outras áreas das ciências humanas e sociais. O livro Reveses da ausência trata do percurso e da expressão do tema “questões raciais”, na literatura acadêmica, do ponto de vista histórico e contemporâneo no Serviço Social no período de 1936-2013. Nele, analiso como o ambiente acadêmico do Serviço Social inibe e/ou promove, motiva e/ou hesita as iniciativas na produção de pesquisas e estudos sobre as “questões raciais”. O livro também examina como esse tema é estudado no Serviço Social, quais os assuntos que se destacam e os referenciais teóricos mais utilizados. Foram analisados os trabalhos de conclusão de curso da primeira escola de Serviço Social fundada no Brasil, artigos de revistas especializadas, trabalhos apresentados em eventos científicos, teses e dissertações da área, tendo como referência o método multidimensional, articulando o quantitativo ao qualitativo. Concluo que, apesar de sua inserção histórica na literatura da profissão, o tema é pouco valorizado e reconhecido no Serviço Social. Esse fato pode ser explicado pelo vínculo do Serviço Social com perspectivas analíticas hegemônicas e eurocêntricas que restringem o campo de pensamento e de atuação profissional ao estudo do impacto social das relações capital-trabalho. Dessa forma, elimina-se a existência dos primeiros documentos que analisaram a temática “questões raciais” gerando uma ideia de ausência total que, também, suprime o aporte das e dos assistentes sociais que, desde os anos 60, introduziram o tema na área. Paradoxalmente, a ideia de ausência também habilita e estimula as autoras e autores da literatura contemporânea sobre as “questões raciais” a produzirem reflexões e pesquisas na área. Autores e autoras, de maneira sutil, apresentam inflexões nos discursos fechados do Serviço Social; essas inflexões se propõem por certa fusão entre o sujeito pesquisador e o sujeito pesquisado, produzindo, por vezes, tensões num ambiente acadêmico restrito a categorias que nem sempre explicam a experiência identitária dos sujeitos negros.